O julgamento de Marcelo Maciel, acusado de matar com extrema violência sua companheira, Laise Vieira de Andrade, em novembro de 2021, foi suspenso no Fórum de Piracicaba, após os dois advogados de defesa deixarem o salão do júri durante a sessão. O caso envolve indícios de feminicídio e tortura.
Segundo decisão do juiz responsável pelo julgamento, não havia qualquer informação nos autos que justificasse atraso no reinício dos trabalhos após a pausa para o almoço. O magistrado relatou que os defensores não comunicaram previamente qualquer impedimento e, às 13h50, se retiraram do recinto, o que levou à dissolução do Conselho de Sentença.
O juiz considerou que a atitude demonstrou “intenção de não colaborar com a Justiça” e determinou a aplicação de multa equivalente a cinco salários mínimos para cada advogado, a serem pagos em até cinco dias, sob pena de inscrição da dívida na Fazenda Estadual. Também determinou o envio de ofício ao Conselho de Ética e Disciplina da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Piracicaba, com cópia da ata, em razão da “reiteração por deixar seus constituídos indefesos”.
O Giro 19 entrou em contato com um dos advogados e aguarda posicionamento.
O crime
De acordo com a denúncia do Ministério Público, Marcelo é acusado de homicídio qualificado com quatro agravantes — motivo torpe, meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio — além do crime de tortura.
As investigações apontam que Laise foi encontrada morta em um quarto de hotel da cidade, com um saco plástico na cabeça, sinais de esganadura, uma garrafa enfiada na boca e múltiplas lesões. O laudo necroscópico confirmou a violência.
Testemunhas relataram que o relacionamento do casal era marcado por ciúmes, ameaças e agressões, e que Laise chegou a ter medida protetiva contra o acusado, posteriormente retirada. No dia do crime, imagens mostram Marcelo deixando o hotel sozinho e dizendo a funcionários que a companheira precisava descansar. Minutos depois, o corpo foi encontrado.
O réu, que ficou foragido após o crime, se apresentou a um advogado, a quem teria confessado o homicídio, e permanece preso preventivamente desde então.
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