Em 2025, a Marco Zero completou 10 anos com muitos motivos para comemorar. Ao longo dessa trajetória, publicamos reportagens de interesse público que trouxeram à luz temas relevantes e, muitas vezes, invisibilizados pela mídia tradicional. Foram 3.690 reportagens publicadas em nosso site, acessadas por mais de 5 milhões de pessoas. Também ampliamos significativamente nosso alcance nas redes sociais, onde já somamos mais de 150 mil seguidores. Com trabalho consistente e compromisso com a qualidade e a ética jornalística, nos consolidamos como uma referência no jornalismo independente brasileiro, ocupando espaços relevantes e conquistando importantes reconhecimentos ao longo do caminho.

Para garantir sustentabilidade financeira e independência editorial, construímos, ao longo desse período, um modelo de negócio próprio, transparente e, até aqui, exitoso frente aos desafios que marcam o setor. Mesmo fora do eixo Rio de JaneiroSão Paulo, conseguimos captar, em dez anos, R$ 8.079.811,28 – recursos que permitiram manter uma equipe de dez pessoas, toda a estrutura necessária para a produção das reportagens e, ainda, contribuir para o fortalecimento de uma rede de jornalismo independente no Nordeste. Não está sendo fácil, mas estamos muito orgulhosos do que construímos até aqui.

Essa base foi fundamental para enfrentar um dos anos mais desafiadores da nossa história recente. Pela primeira vez desde que adquirimos nossa independência financeira, em 2025 captamos bem menos recursos do que no ano anterior. Em comparação com 2024, a queda foi de 52%. O corte pela metade do orçamento se deu com o fim da parceria com o Fundo Internacional para Mídia de Interesse Público (IFPIM). Com isso, nossas receitas se concentraram, basicamente, no grant da Fundação OAK.

Ao todo, foram R$ 532.591,34 captados em 2025:

* OAK R$ 459.718,08

* AS-PTA R$ 38.207,25

* Un Verteilen R$ 19.055,68

* Doações individuais R$ 15.610,33

Aqui cabe uma observação importante. Em 2025, conseguimos bater o recorde de doações individuais aquelas em que, espontaneamente, nossos leitores contribuem com pequenas quantias. Esse resultado reforça a importância da nossa comunidade de leitores e aponta um caminho estratégico: em 2026, vamos investir em campanhas e estrutura para ampliar essa fonte de recursos.

As restrições financeiras de 2025 tiveram impactos diretos sobre nossa capacidade produtiva e, consequentemente, sobre o alcance do conteúdo publicado. Com menos recursos, priorizamos a manutenção da qualidade e do volume da produção jornalística, mesmo tendo que abrir mão, por enquanto, do programa de fortalecimento da rede de jornalismo independente no Nordeste. Ainda assim, não foi necessário demitir ninguém da equipe – perdemos uma repórter que, para nosso orgulho, foi iniciar um doutorado na Bahia, e não conseguimos repor a vaga. Para garantir essa estabilidade mínima, utilizamos parte do nosso fundo de reserva, por uma causa que consideramos justa.

Esse cenário se refletiu nos números. Em 2025, publicamos 312 reportagens, contra 456 no ano anterior, e registramos queda nos indicadores de audiência do site:

* Usuários ativos: 662 mil (39,4%)

* Visualizações: 971 mil (39,7%)

* Contagem de eventos: 5,6 milhões (40,1%)

Ainda assim, mantivemos a qualidade e a relevância editorial do conteúdo publicado, como demonstram os temas que mobilizaram nossa audiência ao longo do ano e o reconhecimento profissional recebido.

As reportagens mais acessadas do ano ajudam a compreender os assuntos que despertaram maior interesse do público e refletem a diversidade de pautas acompanhadas pela Marco Zero:

1. Como um shopping center se tornou o lugar mais quente do Recife 61.877 visualizações

2. Evangélicos promovem cercos a terreiros para intimidar candomblé 48.107 visualizações

3. Aerogerador desaba em parque eólico que voltou a operar após liminar da Justiça 38.407 visualizações

4. Ossos humanos, louças e cerâmicas são encontrados em reforma do Mosteiro de São Bento, em Olinda 28.737 visualizações

5. Silêncio da prefeitura sobre ponte Casa ForteCordeiro gera medo na comunidade Santana 28.195 visualizações

6. Fechamento da Faculdade Damas expõe crise do ensino superior privado 21.631 visualizações

7. Assembleia de Deus quer ganhar terreno público onde deveria ser uma praça, em Olinda 29.511 visualizações

8. Do lazer ao consumo: o que muda nos parques do Recife com a privatização 18.977 visualizações

9. Distrito Guararapes vai ter 873 kitnets com metro quadrado mais caro que a média do Recife 18.612 visualizações

10. Prefeitura do Recife quer acabar com a Lei dos 12 Bairros, denunciam urbanistas 17.489 visualizações

Foto finalista do Prêmio Sebrae 2025

Crédito: Inês Campelo/MZ

Apesar das limitações impostas pelo cenário financeiro, 2025 também foi um ano de fortalecimento do diálogo com o público, reconhecimento profissional e ampliação de parcerias.

Redes sociais em alta

Aumentamos significativamente nossa presença digital. No Instagram, nosso principal canal de interação com o público, alcançamos 7.786.206 interações – um crescimento de 22% em relação ao ano anterior. Nos comentários, um importante indicador da relação com os leitores, o crescimento foi de 122%, passando de 17.836 para 39.649. Também ampliamos substancialmente o número de seguidores, chegando à marca de 91.163 (+44%).

Prêmios importantes

Em 2025, conquistamos três prêmios relevantes de jornalismo.

Prêmio Cristina Tavares

A reportagem Os desertos do sertão, do editor Inácio França, da repórter Giovanna Carneiro, com fotos de Arnaldo Sete, recebeu o Prêmio Cristina Tavares na categoria Texto, concedido pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Pernambuco em parceria com a Federação Nacional dos Jornalistas.

Prêmio Jornalista Inaldo Sampaio

A reportagem Haut: a ascensão e queda da construtora que prometia luxo e civilidade no Recife, escrita por Maria Carolina Santos, ficou em primeiro lugar na categoria Webjornalismo ou Jornalismo Impresso do Prêmio Jornalista Inaldo Sampaio, organizado pelo Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE-PE).

Prêmio Sebrae de Jornalismo

A reportagem Tecendo o futuro com as próprias mãos, de Inês Campelo e Sérgio Miguel Buarque, conquistou o primeiro lugar na categoria Jornalismo em Texto na etapa estadual do Prêmio Sebrae de Jornalismo. Na mesma premiação, o repórter fotográfico Arnaldo Sete ficou em segundo lugar na categoria Fotojornalismo com imagens da reportagem Gado com asas: abelhas aumentam a renda dos sertanejos e ajudam a proteger a caatinga, e Inês Campelo obteve o terceiro lugar com a foto da reportagem Tecendo o futuro com as próprias mãos.

Foto finalista do Prêmio Sebrae em 2025

Crédito: Arnaldo Sete/Marco Zero

Parcerias estratégicas

Ao longo do ano, mantivemos e ampliamos parcerias com organizações de mídia independente de diversas regiões do país, reafirmando uma prática que acompanha a Marco Zero desde sua fundação. Duas iniciativas merecem destaque. Durante a COP30, em Belém (PA), republicamos conteúdos produzidos por uma aliança de 21 veículos que integram a Casa do Jornalismo Socioambiental. Os leitores também puderam acessar conteúdos especiais dos sites parceiros Amazônia Vox e Amazônia Real.

Em novembro, publicamos doze entrevistas em parceria com o projeto de extensão Cartografias do Frevo, desenvolvido por professores e estudantes do Departamento de Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A iniciativa busca mapear a contemporaneidade do frevo a partir de entrevistas com mestres, músicos, passistas e artistas que reinventam o ritmo.

Presença ativa no ecossistema de mídia independente

Em 2025, o trabalho da Marco Zero ganhou destaque em espaços centrais do jornalismo investigativo brasileiro. O especial A reinvenção do Nordeste – série de 11 reportagens produzidas em parceria com a Rede de Assistência Técnica e Extensão Rural de Agroecologia (Rede Ater NE), a partir de uma extensa apuração no sertão da Bahia, Ceará e Paraíba – foi um dos nove trabalhos selecionados, entre 135 inscritos de todo o país, para apresentação no 20º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Abraji. A série foi o único trabalho de um veículo nordestino entre os escolhidos e foi apresentada pela repórter Maria Carolina Santos.

A atuação da Marco Zero também se fortaleceu no campo da articulação institucional, da cooperação internacional e da defesa do jornalismo de interesse público. Inês Campelo e Sérgio Miguel Buarque participaram do evento Conexión Latam: O Impacto da Mídia Latino-Americana, voltado à troca de experiências e à construção de sinergias entre iniciativas jornalísticas da região. A repórter Jennifer Oliveira representou a Marco Zero no FALA! Festival de Comunicação, Culturas e Jornalismo de Causas, realizado em Brasília, enquanto o editor Inácio França participou do 4º Encontro Nacional da Rede de Proteção de Jornalistas e Comunicadores, em Salvador, espaço dedicado ao fortalecimento de estratégias de proteção a comunicadores em risco e à definição das diretrizes da Rede até 2026.

Mesmo diante de um ano marcado por restrições orçamentárias e escolhas difíceis, a Marco Zero não recuou de seus princípios editoriais nem do compromisso com o jornalismo de interesse público. Ao completar uma década de existência, seguimos convencidos de que produzir informação qualificada, crítica e independente a partir do Nordeste é não apenas necessário, mas urgente. A continuidade desse trabalho depende diretamente do apoio de quem nos lê: seja por meio de doações, que ajudam a sustentar a independência editorial, seja pelo compartilhamento do nosso conteúdo, que amplia o alcance das reportagens e fortalece o direito à informação. Entramos em 2026 com desafios evidentes, mas também com uma base sólida e a convicção de que o jornalismo que fazemos só se mantém vivo com a participação ativa da nossa comunidade de leitores.

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Inês Campelo/MZ - O ano da Marco Zero: fechando uma década de desafios e conquistas