Na região de Bauru, as mulheres seguem criando oportunidades, movimentando a economia e assumindo o protagonismo de histórias que inspiram. Nos 37 municípios atendidos pelo escritório regional do Sebrae-SP em Bauru, 52.748 mulheres estão formalizadas como microempreendedoras individuais, número que supera o de empreendedores homens em nove cidades. O total representa um avanço em relação ao ano passado, quando havia 52.038 donas de negócios. Apenas no município de Bauru, 22.075 empreendedoras comandam atualmente seus próprios microempreendimentos. Os dados têm como base informações da Receita Federal, analisadas pelo Sebrae-SP.

O cenário local também revela setores onde a presença feminina é predominante. Em Bauru, o domínio é claro: os serviços lideram, seguidos pelo comércio. Entre as atividades mais escolhidas, destacam-se os serviços de beleza, como cabeleireiros, manicures e esteticistas que reúnem mais de 3.300 empreendedoras. Na sequência, aparece o comércio de roupas e acessórios, com 1.501 mulheres. Também se destaca a produção de alimentos para entrega, atividade que reúne quase mil mulheres atuando como MEI.

Nos municípios de Iacanga, Reginópolis, Uru, Bocaina, Boraceia, Macatuba, Barra Bonita, Lucianópolis e Presidente Alves o número de mulheres formalizadas como Microempreendedoras Individuais supera o de homens na mesma categoria. Já em Avaí, o município registra empate, com 187 mulheres e 187 homens MEIs a frente dos negócios, de acordo com a mesma pesquisa.

No dia 19 de novembro, celebra-se o Dia do Empreendedorismo Feminino, data instituída pela ONU em 2014 para reconhecer o impacto econômico e social das mulheres que empreendem, mulheres que transformam desafios em oportunidades e que, diariamente, ajudam a redesenhar o cenário produtivo do país.

Hoje, elas ocupam novos espaços, ampliam suas qualificações e levam diversidade, criatividade e inovação para o mercado de negócios, elementos essenciais para a construção de uma economia mais dinâmica e competitiva, especialmente nos setores de serviços e comércio. Em 2024, o Brasil registrou 5,6 milhões de mulheres formalizadas como MEI, número que mais que dobrou em apenas uma década. E, mesmo diante de barreiras estruturais, elas seguem desempenhando um papel decisivo para o desenvolvimento econômico e social. Homenagear essas mulheres é reconhecer que o empreendedorismo feminino não é apenas uma tendência, além de transformação, é inclusão e futuro.

A empreendedora Zenil Francisco dos Santos Conti conta que descobriu sua vocação ao fazer um curso de costura criativa. “Sempre trabalhei em empresa privada, mas queria ter algo meu. Depois de enfrentar rejeição por causa da minha idade ao buscar vagas na área em que me formei, encontrei na costura um lugar onde fui acolhida e pude me expressar. Foi ali que percebi que tinha um talento que nem sabia existir, apesar de ter crescido vendo minha mãe costurar e bordar. Queria uma atividade prazerosa que me trouxesse realização e renda, relembra.

A formalização do negócio veio acompanhada da busca contínua por capacitações, cursos e trocas de experiência. Decidi apostar na costura, criei um nome para o negócio, me formalizei e desde então participo de tudo que amplia meu conhecimento e minhas experiências.

Ela relata os desafios do empreendedorismo, mas afirma que empreender transformou sua vida, trouxe valorização pessoal e satisfação ao ver o reconhecimento das clientes. Empreender tem seus desafios: manter o foco, desempenhar várias funções ao mesmo tempo, estar atenta às tendências do mercado e lidar com a desvalorização do trabalho artesanal diante de produtos industrializados. Mas, apesar disso, empreender transformou a minha vida. Hoje me sinto valorizada e fico feliz quando entrego uma peça e a cliente diz que amou. Como meu marido diz: Agora chegou a sua vez de brilhar. E eu acredito nisso. Quando vemos outra mulher perto da gente se destacar, ganhamos força para também fazer acontecer, inspira a artesã.

Estamos diante de um movimento crescente, impulsionado pela conscientização sobre a igualdade de gênero e pela urgência de ampliar a representatividade feminina em todos os setores da economia. O empreendedorismo feminino não é apenas uma tendência, é uma força transformadora, analisa a analista de negócios do Sebrae-SP, Rafaela Brugnatti. Para ela, as microempreendedoras têm desempenhado um papel estratégico na região. Ao criar produtos e serviços, implementar modelos de gestão mais inclusivos e oferecer perspectivas que enriquecem o ecossistema de negócios, esse avanço, especialmente observado em nossa região, deixa claro que investir nas mulheres é investir no desenvolvimento sustentável, na geração de renda e no fortalecimento da economia regional. Cada negócio liderado por uma mulher representa um passo importante rumo a uma sociedade mais equilibrada, próspera e preparada para o futuro, enfatiza.

Cenário estadual 

De acordo com pesquisa do Sebrae, publicado no DataSebrae, no estado de São Paulo a força do empreendedorismo feminino segue impulsionando a economia e ampliando protagonismos. No último trimestre de 2024, eram mais de 2,52 milhões de mulheres à frente de seus próprios negócios, o equivalente a 35% de todas as donas de negócio do estado.

E quando o assunto é trabalho por conta própria, essa presença é ainda mais expressiva. No mesmo período de 2024, 88% das mulheres empreendedoras atuavam individualmente, enquanto pouco mais de 11% se destacavam como empregadoras.

O perfil dessas mulheres revela histórias que se equilibram entre dedicação e responsabilidade. 1,25 milhões delas são chefes de família. No bolso, o rendimento ainda reflete desigualdades, com a maior parte recebendo entre 1 e 2 salários-mínimos, enquanto apenas 11% superam os cinco salários.

O escritório regional do Sebrae-SP em Bauru tem uma agenda de cursos e capacitações, além de um programa especial voltado para o despertar e o fortalecimento da cultura empreendedora das mulheres, o Sebrae Delas. Informações pelo telefone (14) 3104-1715 ou pessoalmente na avenida Duque de Caxias, 16-82, Vila Cardia.

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Cultura Empreendedora

Agência Sebrae - Mais de 52 mil mulheres lideram pequenos negócios na região de Bauru