Imagine ter a casa invadida pela água todas as vezes que chove. Agora, imagine morar em uma casa de apenas três cômodos sem o encanamento adequado para usar a cozinha ou em uma residência sem banheiro. São em casas assim que moram as pessoas beneficiadas pelo programa de Melhorias Habitacionais que a organização não-governamental Habitat para a Humanidade Brasil está realizando na comunidade do Coque, na Ilha de Joana Bezerra, área central do Recife.

O projeto executado na comunidade se baseia no que os técnicos da organização chamam de WASH, uma sigla que significa, em português, água, saneamento e higiene. Desse modo, dez residências onde vivem aproximadamente 50 pessoas serão reformadas para garantir a qualidade para uma moradia digna. As obras e reparos estão sendo feitas nas paredes e telhados, adequação de pisos, escadas, rampas de acesso, substituição de instalações elétricas e/ou hidrossanitárias, construção e reformas de banheiros.

“A gente já fez melhorias aqui no Coque, mas resolvemos voltar porque é a comunidade que tem o IDH mais baixo da Região Metropolitana de Recife e também pelo histórico de luta. A gente sempre faz relação com a luta pela moradia, contra a especulação imobiliária que, por ser área Zeis – Zona de interesse social -, que deveria ser protegido contra a especulação imobiliária, mas nos últimos anos estão tentando desmontar a política, e aí o capital está querendo falar mais alto”, explica a assistente social da Habitat Brasil, Araceles Domingos.

Os critérios utilizados para escolher as famílias foram renda, idade, quantidade de filhos, gênero e condições da habitação. Na residência da dona de casa Elza Maria Nascimento, de 55 anos, há um exemplo das soluções encontradas na arquitetura popular pela necessidade. À medida que os filhos foram nascendo e crescendo, novos pavimentos foram surgindo, hoje são três pavimentos para ao menos nove pessoas, entre filhos e netos.

“Era muita pingueira mesmo e, quando chovia, descia para a casa de baixo e o pessoal ficava reclamando, porque molhava as coisas deles lá embaixo. Aí eu não tinha condições para ajeitar, mas Deus mandou esse programa no mês do meu aniversário”, desabafa Elza. na casa dela, as maiores alterações serão a troca de telhado, mas, também reparos como pintura, troca da instalação elétrica e das calhas.

No pavimento térreo, uma das moradoras é a filha de Elza. Rebeca Evelin Nascimento, de 23 anos, vive com as duas filhas, em três cômodos onde mal dá para cozinhar por falta de estrutura. Com o programa, vai ter a cozinha reformada, a abertura de uma janela para melhorar a ventilação, troca de portas, além de outros pequenos reparos. “Eu tô muito feliz. Essa foi uma grande ajuda, porque a gente estava precisando muito e a gente não tinha condições de fazer isso. Então, veio uma boa hora”, declara a jovem.

A poucas ruas da família Nascimento, mora a pensionista Maria de Lourdes, de 60 anos, a realidade se assemelha à anterior, pois, no mesmo terreno, há seis moradias de diferentes gerações da mesma família. Na casa de Maria, será colocado um novo piso, aumento das paredes, divisão dos cômodos e construção de um banheiro. “Eu não podia fazer (a reforma), sou pensionista e meu dinheiro é muito pouco. E agora eu espero ser feliz na minha casa”, afirma.

As obras são realizadas em até duas semanas e contam com a execução de duas empresas parceiras da Habitat, a Dona Obra e a Mesquitas. O programa já beneficiou mais de 2.500 famílias em todo o país e é apoiada pela Fundação Salvador Arena.

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Habitat para a Humanidade Brasil é uma organização da sociedade civil que, há mais de 30 anos, atua para combater as desigualdades e garantir que pessoas em condições de pobreza tenham um lugar digno para viver. Presente em mais de 70 países, a organização promove a incidência em políticas públicas pelo direito à cidade e soluções de acesso à moradia, à água e ao saneamento, em articulação com diversos setores e comunidades.

De acordo com o Plano Local de Habitação de Interesse Social (PLHIS), de 2019, o Recife possui mais de 70 mil moradias em situação de déficit habitacional. Estes dados consideram domicílios precários, interpretados como rústicos e/ou improvisados, coabitações, ônus excessivo com aluguel e adensamento excessivo em imóvel alugado (quando o imóvel possui um número superior a três pessoas por dormitório).

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