A Justiça de Piracicaba condenou uma mulher a dois anos, quatro meses e 24 dias de reclusão, além do pagamento de multa, por três crimes de injúria racial cometidos no interior do Clube Recreativo Cristóvão Colombo. A sentença foi proferida na terça-feira (14), pela juíza Gisela Ruffo, da 4ª Vara Criminal de Piracicaba.
O caso ocorreu em 13 de fevereiro de 2024, por volta das 17h30, quando a mulher dirigiu ofensas de cunho racista a três pessoas que estavam na área da piscina do clube. De acordo com a sentença, a ré usou expressões como “seus negros imundos” e “não era para vocês estarem aqui”, além de ter feito gestos depreciativos em relação ao cabelo crespo e à cor da pele das vítimas.
Conforme o processo, ela jogou água em dois dos frequentadores, sem conhecê-los, e depois retornou ao local para insultá-los. Ao ser repreendida por um diretor do clube, pai de uma das vítimas, também o insultou e ofendeu a adolescente com comentários racistas. A Polícia Militar foi acionada e a mulher foi presa em flagrante. A defesa da acusada negou as agressões verbais e os insultos raciais, sustentando que ela apenas havia sido hostilizada por um dos homens após brincar com água. A versão, no entanto, foi considerada inconsistente diante dos depoimentos das vítimas e de testemunhas.
Segundo a juíza, "as expressões utilizadas pela acusada e os gestos que fez apresentam manifesto cunho pejorativo, com inequívoca intenção de depreciar as vítimas, injuriando-as por meio de elemento ligado à raça e cor”. A magistrada também destacou que o fato de as ofensas ocorrerem em um clube privado reforça o caráter discriminatório da conduta, por sugerir que pessoas negras não teriam direito a ocupar aquele espaço.
Com base na continuidade delitiva — já que os crimes foram cometidos contra três pessoas no mesmo contexto — a pena foi aumentada em um quinto. A decisão é de primeira instância e ainda cabe recurso. A pena privativa de liberdade foi substituída por prestação de serviços à comunidade, além de multa.