Urbanistas apontam erros de projeto em parque alagável às margens do rio Tejipió
Ao tomar como referências projetos urbanísticos de cidades da China, Estados Unidos e Chile, a Prefeitura do Recife planeja inaugurar nos próximos meses o primeiro parque alagável da capital pernambucana. O parque faz parte do projeto de urbanização das margens do rio Tejipió e deve ser entregue no segundo semestre deste ano.
Em visita às obras do parque, localizado no bairro do IPSEP, no dia 18 de junho, técnicos da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase), acompanhados por representantes da rede de pesquisa Inciti – Pesquisa e Inovação para as Cidades, de comunidades ribeirinhas e ativistas ambientais, puderam tirar dúvidas sobre a execução do projeto com funcionários da Autarquia de Urbanização do Recife (URB).
A visitação fez parte das atividades do seminário “Soluções e Inovações para Comunidades Ribeirinhas do Recife”, da Fase em parceria com a UFPE e a Secretaria Nacional das Periferias, vinculada ao ministério das Cidades.
A interação entre o engenheiro responsável pela obra e os urbanistas teve momentos constrangedores.
Logo na chegada ao local houve questionamentos sobre os cálculos utilizados pelos engenheiros para delimitar em qual nível o rio pode chegar em caso de cheia e enchentes. De acordo com o engenheiro da obra e funcionário da URB, Antônio Teixeira, foi considerada a medida de 2,70 m, que é a cota mais alta da maré registrada no último ano.
Procuramos a URB para conferir se a informação repassada pelo engenheiro estava correta, mas até o fechamento da matéria não obtivemos resposta.
Ou seja, apenas a alta da maré integraram os cálculos, o grande volume de chuvas não foi considerado. De acordo com Ana Raquel Meneses, arquiteta, urbanista e pesquisadora do Inciti, esse erro pode resultar em graves consequências para as comunidades ribeirinhas: “é um projeto que foi feito para atender uma situação atual, mas que não foi embasado em cálculos da dimensão do volume de água, foi de observação só, então não tem uma base de cálculos segura para saber se o projeto realmente vai dar conta do que precisa. É um investimento que tende a ficar obsoleto logo”.
