Do Grajaú ao prêmio MasterChef: conheça a história de Ana Carolina Porto

Por Agência Mural

Moradora do Grajaú, distrito da zona sul de São Paulo, Ana Carolina Porto, 33, foi a campeã da décima edição do MasterChef, um dos maiores realities de culinária no Brasil. Carolina marcou presença no programa por ser a participante que mais ganhou “pins”, peças de metal concedidas àqueles que apresentaram os melhores pratos.

Atrás da trajetória de vitórias no reality, a história de vida da cozinheira é pautada por desafios e responsabilidades desde muito nova.

Ainda criança, aos seis anos, Ana Carolina percorria as ruas com a mãe vendendotortinhas de morango para sustentar as despesas da família.

“Desde que eu me entendo por gente eu sempre tive muita responsa. Por mais que a minha mãe não quisesse sempre a minha ajuda, eu sei que era a única coisa que ela tinha. Sempre tive muita empatia para ajudar”, afirmou.

Moradora do Grajaú, Ana Carolina venceu a décima edição do MasterChef @Reprodução/MasterChef

A lembrança vendendo tortinhas de morango fez parte do MasterChef. Em uma prova onde os competidores prepararam o chamado “fraisier de morangos”, tipo de bolo que leva a fruta na receita, Carol se emocionou durante a prova e na apresentação do prato, pois se lembrou do passado. A sobremesa feita por ela levou um pin, pois foi a melhor entregue aos jurados.

“Essa prova me deixou muito emocionada. Eu fiz pensando muito na minha mãe, eu me inspirei nela”, disse a cozinheira no programa.

Do passado vendendo tortas até o MasterChef, Ana Carolina ainda se desafiou em muitos outros corres. Trabalhou como garçonete, entregadora de lanches, operadora de telemarketing, recepcionista e assistente administrativa.

Em um desses empregos, inclusive, como “presente de aniversário”, Ana chegou a ganhar uma progressiva para alisar o cabelo que tinha dreads, o que mostra o preconceito que passou. A vencedora do reality contou que nunca se sentiu completamente feliz nesses trabalhos e que precisava de algo que explorasse o lado criativo.

Ana Carolina e o filho Ravi, de 6 anos @Arquivo Pessoal

“Já fiz várias coisas para me sustentar, para sustentar Ravi”, falou sobre o cuidado com o filho, que tem 6 anos. “Inclusive, quando engravidei eu estava desempregada e foi a venda de bolos que me salvou”, relembrou sobre como a confeitaria e a culinária sempre estiveram presentes na vida dela.

Atualmente, Carol ainda sustenta um estúdio de body piercer no Grajaú que foi fundado por ela e seu ex-marido há seis anos.

A decisão de se inscrever para o programa partiu por conta de diversas sugestões de amigos e familiares. “Todo mundo sabia que eu fazia comida desde muito nova. Por exemplo, eu ia acampar, eu cozinhava no acampamento. Aonde eu estivesse, dava um jeito de fazer fogo e cozinhar. Então, sempre falavam ‘ah, por que você não se inscreve no MasterChef?’”, disse.

Além disso, um sonho que a dona Nice teve também impulsionou sua inscrição no programa.

A relação com o filho também levou Carolina a se fortalecer durante as provas. “Penso como se tivesse sido uma chance única na vida, e eu fui lá agarrei com todas as minhas forças”, reflete.

De 10 anos para cá, o histórico de mães solo dentro do programa foi baixo. Segundo apuração feita pela reportagem da Agência Mural, a produção do MasterChef coloca apenas o território de cada participante como cidade, sem mencionar o bairro.

A resiliência dentro das provas e o olhar como periférica fez Ana colecionar muitos haters, mas também inúmeros fãs. No X (antigo Twitter), o nome dela aparece em alto sempre em menção ao Grajaú, criando vínculo ao bairro de forma inovadora e positiva.

“Estava no trem e uma mulher me parou para tirar foto com a filha dela, esse carinho assim me emociona”, comenta Carolina.

Pós MasterChef

“Não pretendo ter um restaurante por agora. Tava conversando com a Elisa mesmo, ela ganhou há nove anos e abriu um restaurante faz 3 anos”, afirma a campeã.

Carolina diz que sua jornada a tornou uma pessoa que sabe recomeçar, “eu penso em ter algo com minha cara, só que antes eu quero estudar muito. Quero passar por outros restaurantes e fazer estágio”, diz.

A vencedora do reality faturou R$300 mil em compras em um supermercado, um curso na renomada escola de gastronomia Le Cordon Bleu, uma viagem para conhecer a fábrica de uma marca de cerveja, além de diversos equipamentos de cozinha.

Apesar de todas as conquistas, o olhar materno ainda pulsa. O curso do prêmio impossibilitaria Carolina de ficar com o filho, “estou pensando em estudar de manhã. Talvez, possa pegar ele e colocar na escola, ainda não sei como vou fazer”, relata.

Sobre o pós-MasterChef, a cozinheira tem muitas expectativas, mas a principal é conciliar a realidade com os estudos e projetos envolvendo restaurantes.

“Meu objetivo eu alcancei: ganhei o dinheiro e o curso, então é isso, não tenho mais o que ficar me cobrando, é só seguir”, finaliza Carolina.

Agência Mural

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